terça-feira, 5 de maio de 2009


Os jardins da cidade


As histórias voam
Ao sabor do vento
por entre folhas secas
que jazem no chão
Amareladas pelo tempo
Os bancos trepidam com paixões loucas
que neles se enchiam
com frases roucas
Os candeeiros iluminam
Gestos fechados
Que longos terminam
Como pássaros esvoaçados
As flores anunciam
A chuva no ar
que lava o poderio
de quem quer amar

E tu e eu
encontravamo-nos
com contornos perfeitos
pelas sombras desenhadas
no alcatrão da estrada
dentro de um amor sem jeito

O cheiro das tuas mãos
por entre o ferro do banco
As flores que dormem no chão
Na cidade adormecida
Os pirilampos das luzes já lá vão
e eu?
Sentada no banco eternecida
Relembro o manto verde do teu olhar
Como uma fresta de luz que me guia
Naquele elevador até ao sexto andar
Foram-se as folhas
As flores parecem não desabrochar
Foi-se o jardim
No lugar um centro comercial
O banco verde alecrim
É agora, somente, um lugar especial

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